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Uso da toxina botulínica na Odontologia é tema de palestra na IDEAU.
No último dia 07, os alunos do curso de Odontologia da IDEAU, acompanhados pela coordenadora do curso, Professora Me Vanessa I. Borghetti, participaram de palestra sobre o uso odontológico da toxina botulínica.
A palestra foi ministrada pelo Professor Irineu Gregnanin Pedron, Cirurgião- dentista Especialista em Periodontia e Implantodontia e abordou o histórico do uso da toxina botulínica na odontologia, suas vantagens e indicações. Durante o evento, os alunos puderam acompanhar vários casos em que foi feita a aplicação, através de imagens que ilustravam os pacientes antes e depois do tratamento, com significativa melhora.
Para a Professora Vanessa I. Borghetti, “O curso foi um sucesso entre os alunos, embora estejam apenas iniciando sua trajetória acadêmica. E vem de encontro ao que a direção da instituição e a coordenação do curso de Odontologia desejam, que é trazer sempre novidades, proporcionando uma carga de conhecimento maior para o aluno ingressar no mercado de trabalho. Então além da odontologia tradicional, com sua parte técnica e teórica, visamos trazer sempre novidades, que vão engrandecer muito o curso. Estamos atentos para sempre proporcionar experiências como esta para nossos alunos, e certamente serão realizadas novas atividades deste nível num futuro próximo”.
Irineu é Mestre em Ciências Odontológicas pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Tem habilitação em Fitoterapia, Laser e Analgesia Inalatória pelo Conselho Federal de Odontologia. É instrutor no Centro de Simulação Realística do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein.
Além disso, é 1º Tenente Dentista da Força Aérea Brasileira – Hospital da Força Aérea de São Paulo (HFASP), professor do Curso de Capacitação na Aplicação de Toxina Botulínica em Odontologia no Instituto Vellini (São Paulo/SP), FUNORTE (Santo André/SP), FACESC (Chapecó/SC), SOBRESP (Santa Maria/RS), São Leopoldo Mandic (Brasília/DF) e ABO (Recife/PE) e autor do livro: "Toxina Botulínica – Aplicações em Odontologia" lançado em 2015 pela Editora Ponto.
Após a palestra, concedeu entrevista à assessoria de imprensa da IDEAU.
A toxina botulínica já é muito utilizada em tratamentos neurológicos e cosméticos no Brasil e no mundo. Quando o uso da substância começou a ser utilizada em tratamentos odontológicos e como se chegou à conclusão de sua eficácia nesse tipo de procedimento?
A aplicação da toxina botulínica foi inicialmente utilizada pela Oftalmologia na década de 70, no tratamento do estrabismo. Entretanto, sua aprovação no Brasil só ocorreu em 2000, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e nos EUA em 2002, pela Food and Drug Administration (FDA). A partir daí, seu uso crescente vem auxiliando no tratamento de diversas condições e patologias. A partir de 1999, iniciaram as publicações na área odontológica e a partir daí vem sendo utilizado como opção terapêutica coadjuvante nos diversos procedimentos da Odontologia.
Quais são os tratamentos odontológicos que podem ser realizados com o auxílio da toxina botulínica?
Na Odontologia, a toxina botulínica é indicada para:
1. Sorriso gengival e assimetrias labiais que podem causar exposição acentuada ou irregular da gengiva;
2. Hábitos parafuncionais, como bruxismo e briquismo;
3. Hipertrofia massetérica e consequentes assimetrias faciais de origem muscular;
4. Cefaleia secundária aos hábitos parafuncionais;
5. Disfunções temporomandibulares, no tratamento de anquilose e luxação de ATM, e coadjuvante em procedimentos como a artrocentese;
6. Dores orofaciais (atuação em conjunto com a Neurologia), para os casos de DTM, neuralgia pós-herpética, neuralgia trigeminal, migrânea (enxaqueca), cefaleia tensional, cefaleia crônica diária, Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) e fibromialgia;
7. Aplicações coadjuvantes em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial: trismo, prevenção de cicatrizes e quelóides em cirurgias eletivas extrabucais;
8. Aplicações em pacientes portadores de reabilitações implantodônticas, reduzindo forças de contração muscular excessiva em carga imediata, prevenindo fraturas de próteses e implantes.
Existe algum tipo de contra-indicação no uso da substância na Odontologia?
São consideradas contra-indicações para a aplicação da toxina botulínica, pacientes gestantes e lactantes; portadores de doenças com deficiências na transmissão neuromuscular, tais como miastenia gravis, ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) e Síndrome de Lambert-Eaton; pacientes que apresentam hipersensibilidade aos componentes da fórmula farmacêutica (proteína botulínica, lactose e albumina); e doenças autoimunes.
Já existem dados que apontam o número de pacientes que optaram por tratamentos odontológicos com a toxina botulínica?
Ainda não. As pesquisas na área odontológica, bem como estudos longitudinais e de casuística ainda não são evidentes. Os protocolos de aplicação são especulativos, e as indicações na Odontologia ainda são consideradas off-label (indicações "fora da bula").
O Conselho Federal de Odontologia apresentou nota favorável ao uso da toxina botulínica para alguns casos exclusivamente dentro do âmbito legal do exercício da competência do cirurgião-dentista. Como essa aprovação pode alterar a rotina do profissional de saúde bucal?
Felizmente, a aplicação da toxina botulínica é uma área de atuação muito próspera para o cirurgião-dentista, pois, frente às diversas indicações estomatológicas, auxilia e complementa os procedimentos terapêuticos odontológicos. Diversas condições outrora sem tratamento ou com resultados limitados podem ser contemplados por mais esse recurso terapêutico, como por exemplo, em pacientes com bruxismo (ranger de dentes) que podem, pela força e contração excessiva da musculatura, fraturar e desgastar dentes, restaurações, próteses e implantes, além de quebrar a placa miorrelaxante, usualmente indicada para o tratamento de bruxismo. Adicionalmente, a toxina botulínica nestes casos ainda apresenta o propósito analgésico, haja vista que a maioria desses pacientes apresentam dores orofaciais e cefaleia secundária ao hábito parafuncional.