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Professores da IDEAU reunidos em capacitação
A sociedade atual vive em tempos de busca por felicidade, alegria, paz, boa condição financeira, sucesso profissional, além de todas outras conquistas possíveis. São tempos em que o “ser” se confunde com o “ter”, com o possuir as coisas, sem saber que o conforto e a tecnologia são necessários, mas não são o próprio ser. Neste discurso pós-moderno, parece que os sentimentos e as emoções estão profundamente ligados a coisas materiais, e que se pode conquistá-los com certa facilidade, bastando para muitos um pouco de sorte ou de habilidade gestora.
Esta ânsia em obter aquilo que se pensa, ou que, de fato, se deseja, acabou se tornando uma obsessão que escraviza o ser humano, num ato insano de fazer o que for possível para a conquista de seus sonhos. Desse modo, a ética parece ser vista como algo sem valor, e que imputa a quem quiser ser ético um atraso ou perda. Muitos justificam que o mundo é ruim, e que se não se age com toda sorte de malandragem e engano, perde-se para os que não são éticos.
Entretanto, mesmo que o pensamento da sociedade seja diferente, ter ética é um conceito que não pode ser deixado de lado. E é o que defende o teólogo e educador David Orling, colunista e conferencista sobre questões de ética, relações humanas, liderança, sexualidade, espiritualidade e comportamento. E, em primeiro plano, Orling estabelece a necessidade de se diferençar Ética de Moral.
“Ética é parte da filosofia e da vida concreta. Considera concepções de fundo acerca da vida, do universo, do ser humano e de seu destino, institui princípios e valores que orientam pessoas e sociedades”, argumenta ele. “Uma pessoa ou empresa é ética quando se orienta por princípios e convicções. Em última instância, podemos afirmar que a ética tem a ver com a defesa da vida humana”, complementa. Já a moral trata apenas da prática real das pessoas, e é expressa por costumes, hábitos, leis e valores culturalmente estabelecidos.“Estes costumes podem, eventualmente, ser questionados pela ética. Uma pessoa pode ser moral (segue costumes e normas até por conveniência), mas não necessariamente ética”, esclarece.
Logo, é possível perceber que a ética não é diferente, mas sim comum nas diversas relações sociais. O que há são diferentes aplicações éticas que partem de condições diferentes, mas que sempre chegam ao grande sentido da ética que é a defesa da vida humana e das relações saudáveis. Quanto a ser ético numa situação e noutra não, existe essa possibilidade porque bem podemos defender valores humanos numa situação em detrimento de outra.
A quem pertence o futuro?
Este é o questionamento proposto por Orling em relação ao mercado. E o próprio conferencista é enfático ao afirmar: “O futuro é das empresas que tiverem ética”. “A importância de uma empresa ter ética está, acima de tudo, na compreensão de que o mundo do trabalho é uma das características que nos difere dos animais”, frisa ele, ressaltando que o homem procura mediar relações pelo trabalho porque, através dele, encontra sentido e pertença. “Transformamos a nossa existência também pelo trabalho, e com isso ficamos completamente envolvidos com os seres humanos. Logo, ter ética é acima de tudo essencial, porque uma empresa não trabalha com coisas e sim com pessoas, que redefinem suas vidas e agregam valores a todo o momento de sua existência.“
Por isso, adotar uma postura empresarial ética representa estar um passo à frente no mercado. “Não se trata de tirar benefícios, mas de ser vanguarda de um mundo novo, que cada vez mais – apesar de suas mazelas –, valorizará as relações de trabalho que defendem a dignidade humana e global”, destaca Orling. Ele frisa que, como no mundo de hoje sempre se está em busca de benefícios, uma empresa que tem ética transforma as relações de trabalho, despertando os colaboradores para um envolvimento que lhes dá real sentido na vida. “Além disso, empresas éticas atraem parceiros comerciais que pautam suas atividades pela dignidade e excelência”, acrescenta.
A importância de “ser pessoa”
Um ponto importante nesta relação passa pelo bem estar pessoal. Orling enfatiza a necessidade de estar atento à ideia da realização propagada hoje em dia, que tem a ver com um conjunto de bens ligados ao sucesso social, e possuir alguns itens essenciais para se viver bem. “Se observarmos atentamente, veremos que pouco se estabelece nos itens essenciais questões como desenvolvimento físico, emocional e espiritual”, observa.“Se esses itens forem negligenciados por qualquer um, não estaremos preparados para um mundo novo, que requer aperfeiçoamento continuado, não só profissional.” Ele orienta também a importância de se buscar ler mais, ouvir mais, entender mais a condição humana e as relações sociais. “Dentro desse contexto acredito que toda empresa séria deveria propiciar contínuos encontros de desenvolvimento pessoal e corporativo.”
Por isso, o conferencista aconselha a visão de valorizar a vida e desenvolver a ética nas empresas– e na vida pessoal de cada um – como quesito essencial. “Toda sociedade realmente desenvolvida reconhece a vida como um direito que deve ser preservado e cuidado em qualquer situação. O direito à vida digna está acima de qualquer discussão ou preferência de raça, sexo, religião, opção política ou condição econômica”, ressalta. “Não poderíamos de maneira alguma sermos éticos apenas quando nos fosse conveniente, mas em todas as ações que imputamos sentido. Com isso em mente, nossas empresas poderiam se tornar lugares não só de excelência profissional, mas espaços capacitadores do ser humano ajudando-os a se tornar pessoas que pensam no trabalho como sentido da vida e possibilidade transformadora da realidade humana.” Espera-se que a comunidade científica possa despertar para a relevância do tema, investindo-se gradativamente mais esforços em pesquisas e estudos, subsidiando-se e dando suporte aos docentes e técnicos administrativos desta Instituição para enfrentar os desafios das mudanças, avançando e progredindo cada vez mais na área educacional.