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Entrevista com Jorginho Schmidt – Multicampeão do Vôlei
Na última semana, Jorginho Schmidt esteve em Getúlio Vargas, convidado pela Faculdades IDEAU para realizar um curso de voleibol. Na ocasião, concedeu uma entrevista para o departamento de comunicação da IDEAU que você confere agora.
Você participou da primeira grande equipe de vôlei do Rio Grande do Sul, a Frangosul Ginástica, campeã da superliga na temporada 94/95. Formar uma equipe forte como essa, hoje, com o apoio da comunidade ainda é possível?
Sim, ainda é possível mas dentro de uma estrutura comunitária. Eu penso que montar uma equipe como foi feita a Frangosul, Getúlio Vargas é uma cidade viável. Porque é uma cidade cativante, organizada mas principalmente onde a comunidade faria parte da equipe, então eu acho que se for fazer uma equipe nos moldes para ser um campeão nacional, tem que ter a comunidade por trás.
Como foi trabalhar com Carlão, Gilson “Mão de pilão”, Paulo Roese e vencer equipes que contavam com outros grandes nomes da seleção brasileira campeã olímpica de 1992?
O voleibol era totalmente diferente. Era na base da força; hoje tem muita técnica mas era mais na base da força. A gente fez uma coisa muito forte em Novo Hamburgo mas nós escolhemos jogadores a dedo. Como foi o caso do Carlão, que morava em Parma. E eu fui lá falar com ele com a proposta de Novo Hamburgo, explicando que iriamos montar uma equipe numa situação muito parecida com a que ele vivia na Europa, mas que ele seria patrocinado pelo Banco do Brasil, que resgatou os atletas campeões olímpicos para valorizar o esporte. E os outros atletas, Gilson, Roese, Bráulio, Poletto, Alexandre foram escolhidos pelo seu temperamento em viver em uma cidade como Novo Hamburgo. Então não foi nada difícil. Hoje em dia está um pouco mais difícil. Hoje em dia está mais difícil contemporizar o sucesso do vôlei está mais difícil porque todo mundo acha que o vôlei é fácil. Esporte com facilidade não existe, é preciso treinar muito.
Depois da Frangosul/Ginástica você teve uma experiência muito vitoriosa na Ulbra. Hoje não é possível fazer grandes investimentos devido aos problemas financeiros de todo o país, então como contornar essa situação? O que falta pro RS voltar a ser forte no cenário nacional do vôlei?
A situação hoje do RS está um tanto difícil. Mas o problema hoje também é de filosofia. Acha-se que o esporte não é fundamental na criação do estado. Eu sou radicalmente contra. Recentemente concorri como vereador nas eleições em Novo Hamburgo e minhas propostas tinham como base o esporte. Porque uma vez que a gente consegue colocar o jovem perto do esporte, tu certamente vai tirar ele da violência, ocupando ele em outro aspecto. Então passa por isso, pela montagem de novas equipes, porque o que serve para a criança é o espelho, não a base. Você precisa ter ídolos para as crianças seguirem. Como foi o Carlão na Frangosul, Gilson na Ulbra, Bruninho na seleção brasileira. Então o Rio Grande do sul precisa pensar no futuro do esporte. Eu estou aqui em nome da Confederação Brasileira de Vôlei, preocupado com o voleibol, para falar sobre o voleibol, mas sabendo que a Faculdade IDEAU faz um excelente trabalho junto aos jovens. Então respondendo diretamente a sua pergunta, sem investimento na política de esporte de performance, não vamos criar novas equipes.
Você tem realizado esses cursos por todo o estado. Tem encontrado talentos em alguma região? E se encontra alguém qualificado, você faz algum encaminhamento diferenciado?
Uma das intenções do curso é aplicar a parte prática em crianças, em equipes infanto-juvenil, infantil. Eu já fiz em Santa Cruz, Santa Maria e Lajes por exemplo, onde indiquei vários talentos novos para equipes maiores para poder desenvolver essas habilidades. Então faz parte eu ficar com o olho clínico nesses participantes do curso afim de buscar novos talentos.